106 CONFERÊNCIA OIT INTERNATIONAL DO TRABALHO

106 CONFERÊNCIA OIT INTERNATIONAL DO TRABALHO
É a terceira vez que me dirijo a esta audiência.
Eu sempre falei em nome das pessoas com mais de 60 anos de todo o mundo.
Mais uma vez, entre as várias centenas de porta-vozes que aqui vêm, eu vou ser a única voz desse grupo de mais de 1.000 milhões de pessoas espalhadas nos cinco continentes. Demonstração clara do mau trato que hoje se dá às pessoas mais experientes.
São Pensionistas e Reformados (PeR) que nos passados dias 20 de agosto e 26 de Março encheram, com centenas de milhares, as ruas de mais de 40 cidades no Chile; que, também nos últimos 15 e 30 de Março, no Brasil, convocaram uma Greve Geral; que todas as quartas-feiras, na Argentina, há mais de 25 anos reivindicam junto do seu parlamento o justo reconhecimento dos seus direitos; que também lutou na Europa, Ásia e África, para que os nossos direitos sejam respeitados como indivíduos; todos nós nos expressamos através desta comunicação exclusiva para a OIT.
Represento a única organização global de reformados e pensionistas sindicalizados, a UIS (União Internacional dos Sindicatos) FSM (FSM), ou seja, a grande organização da classe trabalhadora que quer acabar com o capitalismo e o imperialismo, que são os enormes males da sociedade neste século.
A FSM tem organizado em todos os continentes sindicatos de classe de Pensionistas e Reformados, com os seguintes Conferências Regionais 30 de setembro de 2015, em Quito, Equador; 20 de julho de 2016 em Copenhague, na Dinamarca; 16 de novembro de 2016 em Dakar, Senegal, e 3 dezembro de 2016, em Kathmandu, Nepal. E ainda, em 26 de outubro na Tunísia, vamos completar com a coordenação dos sindicatos de classe dos países árabes.
Por isso a minha voz é a de Pensionistas e Reformados de todo o mundo, e em seu nome me dirijo aos líderes dos 200 países da Terra. Em particular, eu apelo aos governos que apoiam o capitalismo como um sistema, uma vez que este sistema económico está ultrapassado e é criminoso, como a escravidão, e que despreza os seres humanos dos quais não pode auferir ganhos. Enquanto os actuais pensionistas eram trabalhadores ativos aqueles estavam interessados em explorar-nos, agora preferem que morramos (como o tem dito publicamente a condenada por corrupção presidente Lagarde do FMI, Fundo Monetário Internacional), porque não somos produtivos para os negócios. Esquecem a grande experiência que acumulam e não querem que nós transportemos para as novas gerações, especialmente a experiência inegável de que apenas lutando se alcançam as justas exigências.
Também me dirijo, para os denunciar, aos representantes dos empregadores que, bem organizados como classe opressora, aqui defendem os seus interesses egoístas e muitas vezes desumanos (não respeitam os direitos humanos reconhecidos pela ONU, fazendo trabalhar as crianças, não pagando salários decentes, forçando horas extras e longas jornadas de trabalho, férias não pagas, não se preocupando com a saúde e segurança, etc.). Principalmente empresários que se tornaram ricos, especialmente na África, Ásia e América, saqueando a riqueza dos antigos países colonizados militar e economicamente e agora colonizados pela NATO. Alguns começaram a explorar escravos e agora exploram seres teoricamente livres.
Prova disso é que hoje 8 pessoas têm riqueza igual a metade da humanidade, ou, em outras palavras, 1% dos mais ricos têm mais dinheiro do que os 99% restantes.
Há dinheiro no planeta, muito mal distribuído (consequência do capitalismo), mas o suficiente para pagar pensões públicas, que aqui reivindico, para todas as pessoas com mais de 60 anos.
Dirijo-me também às organizações sindicais de classe, a quem, como um internacionalista envio saudações fraternas, diferenciando-os dos “amarelos”  que traem aqueles que afirmam representar, e estão empurrar  para trás e a fazer perder as grandes conquistas arrancadas aos empregadores  durante o século XX, dilacerado por conflitos com base nos ganhos da Grande Revolução de outubro (de que, daqui a  alguns meses, comemoraremos, enquanto classe operária,  os  100 anos).
Em nome dos Pensionistas e Reformados reivindico:
1.º Pensão universal e pública para todos os com mais de 60 anos. Pensão que permita que as pessoas vivam com dignidade, ou seja, com 5 elementos básicos que não estão ainda nas mãos de centenas de milhões de pessoas: 1) água, 2) residência  habitável e transporte gratuito e com  proximidade, 3) Alimentação saudável, 4) saúde  de qualidade gratuita  e 5) garantia de educação e lazer gratuitos.
2.º Inclusão do disposto no n.1, totalmente explícito e inequívoco, na lista de Direitos Humanos e nas constituições de todos os países.
3.º Que seja contado para a Segurança Social rodo o tempo em que o trabalhador procure trabalho visto que são os estados capitalistas que são incapazes de organizar a sociedade para que não haja desemprego. Isto tem de se aplicar enquanto desempregados e contar para a pensão futura.
4.º Proibição de Previdência Privada que já mostrou que só serve para beneficiar apenas os grandes bancos e os líderes do sindicalismo “ amarelo” que sempre apoiam mesmo quando Pinochet eliminou o sistema público de pensões no Chile.
5.º Acordos entre governos, de cumprimento obrigatório, de modo a que um trabalhador que emigre possa recuperar para a reforma o montante pago em contribuições seja qual for o país onde paga, e seja qual for o país onde morar, uma vez reformado. Adicionando sempre os anos nos diferentes lugares onde viveu a sua vida de trabalho.
6.º Direito de todas as pessoas a mudar de país, tal como se reconhece e fornece esse direito a qualquer mercadoria. Só isso deve ajudar a acabar com as dezenas de milhares de mortes que são registadas a cada ano simplesmente por tentar passar fronteiras.
Sei que neste ano 2.017, no 1º de outubro (dia de pensionistas segundo a ONU), como já se fez pela primeira vez no ano passado, Reformados e Aposentados de todo o planeta  vão sair à rua para defender as reivindicações anteriormente citadas.
VIVA A classe operária!
VIVA A Federação Mundial de SINDICATOS!
Uma Vida Longa e digna para pensionistas e reformados!
Genebra, Junho de 2017.
Quim Boix
Sec. Gral. UIS de PyJ de la FSM